Meadora tinha dores de cabeça desde sempre.
Quando criança, chegou a ficar dez dias internada com suspeita de meningite.
Cresceu e as dores acompanharam seu desenvolvimento. O que diminuíra era o
espaço entre uma e outra. Percebeu que estava com a memória mais
"fraca" que o normal. Lembrava-se de fatos de quando tinha três anos,
mas se esquecia do que tinha ido buscar na cozinha; guardava detalhes de
conversas antigas, mas não absorvia o conteúdo da matéria nova na faculdade...
Sua memória estava altamente seletiva! Sem falar nada com ninguém, marcou
neurologista. Com a mesma discrição fez todos os exames que foram pedidos.
Chegado o dia da consulta, Meadora sentou-se frente ao belo medico que olhava
serio o pacote de resultados sobre a mesa. Respirou com certa dificuldade, como
quem escolhe as palavras e finalmente soltou algo:
- Você
veio sozinha?
- Sim.
- Por
quê?
- Não
fui orientada a vir acompanhada. Algum problema?
E então
Meadora teve sua resposta. Ela já suspeitava disso, ficou parada em silencio
por uns 15 min que lhe pareceram 25 anos. Foi interrompida pelo homem de branco
que lhe perguntava se ela queria que ele telefonasse para alguém. Reuniu forças
para dizer "não ha para quem ligar..." Levantou-se e agradeceu. Não
derramou nenhuma lagrima. Não havia tempo para desperdícios. Mudou o caminho de
volta e entrou na gelateria, fazia tempo que desejava um sorvete de pistache...
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