domingo, 29 de setembro de 2013

Fênix

para você

Realmente querido, as pessoas não apreciam muito falar sobre a morte! Acredito que por um motivo simples: falar do fim nos remete ao começo, ao meio... E aí surge uma pergunta cruel que martela constantemente, aquela dúvida que em alguns dias fala alto, em outros grita, tem horas que nem escutamos que ela ainda esta ali nos questionando: o que você tem feito da vida? É, um dia vamos morrer! E quando a morte chegar, ela não vai querer saber se você tem muita ou pouca grana no banco, porque ela não vai aceitar suborno. Não interessa se você iria começar uma dieta na segunda, se planejou uma viagem para Julho do próximo ano, se iria dizer depois de tanto tempo “eu te amo”, não... A morte não quer saber quantos filhos você vai deixar, quantos sonhos ainda faltam realizar. Não! Quando ela chega, implacável, é a hora. Essa batalha o ser humano perde. A medicina avança, mas a natureza, o curso do rio não se altera. Quantas dores e delícias ainda teremos pela frente? Ninguém sabe, só O Verdadeiro Dono do livro. Então, a gente mergulha e sente o que cada estação preparou ou passa o resto do dia deitado na cama olhando pela janela? Mais uma vez: eu sei, não é fácil, e tem horas que estamos tão cansados... “A dor é algo inevitável, o sentimento de que lhe falta algo é indescritível, então nestas horas só pedimos forças aos amigos. Força a todos os familiares, amigos e conhecidos...” E é quando a mágica acontece, nos lembramos que as pessoas podem ser lindas, solidárias, generosas e que ainda vale a pena. É horrível perder alguém, penso que nunca estaremos realmente preparados para isso. Quando uma pessoa próxima falece leva uma parte nossa também. Mas creio que a morte não seja o fim. Nela existe a oportunidade de se olhar novamente, de renascer, reinventar, recriar, recomeçar...

A Fênix é um pássaro da mitologia grega que quando morria entrava em auto-combustão e passado algum tempo renascia das próprias cinzas

"
Quem me diz

Da estrada que não cabe onde termina"

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Eu

Eu sou a pessoa que ora por você o dia inteiro, que te força a se olhar de frente e sair debaixo da saia da mamãe. A garota que para de dançar na balada para te escutar e o encorajar a voltar para terapia. Quem esperou oito anos pelo romance que não aconteceu e ainda consegue sentar para tomar uma cerveja com você sem mágoas. Eu, a chata que insiste para que você leve uma blusa, que luta com você pelos negócios. A que vai ao casamento do “ex”, vestindo verde, pedindo a Deus para que dê certo. Sou eu quem dá amor para os filhos dos outros (as) como se fossem os próprios. A moça que fica fazendo carinho em você até você dormir, enquanto você dorme e depois que você acorda. Sou eu que faço muita coisa com você na cama e se comporta na mesa do café. A menina que topa um boteco fuleiro, que se preciso aprende como encher uma laje e no final do dia veste um tubinho preto e come com dez talheres. Adulta o bastante para abrir mão dos próprios sentimentos e ser somente uma amiga caso você precise... A amiga. A preparadora. A ponte.
Eu sou a mulher que não nasceu para ser amada, mas há que você sempre irá se lembrar!  

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Noca: voluntária

"Voluntário é a pessoa que realiza determinada ação de livre e espontânea vontade."

Noca estava perto da estação quando viu seu trem chegar. Ela poderia ter se apressado e tentar alcança-lo, mas estava cansada de correr atrás de tudo. A mochila pesada marcava seus ombros e segurava sua caminhada. Achou melhor aceitar o que a vida estava lhe propondo e deixou a porta fechar, assistindo a minhoca metálica prosseguir. Quantas vezes já não tinha apertado o passo para alcançar alguém? Quantas vezes já não havia chego atrasada na vida das pessoas? Era como se seu relógio nunca estivesse na hora certa: ou muito cedo, ou muito tarde... Nunca no momento exato! Era fase de seguir só, de agir só, de semear e só. O outro trem chegou e Noca entrou procurando um lugar no fundo para se sentar e executar sua pratica mais comum: observar! Avistou dois homens rindo das coisas simples e bobas da vida, notou que seu sorriso já não era fácil fazia tempo. Mais a frente um casal aos beijos e ela percebeu que já não acreditava mais no amor. Não para si mesma. Amor era algo que aos poucos Noca foi desistindo, abandonando, afogando, soterrando... “ESTAÇÃO LUZ!" seus pensamentos foram interrompidos e Noca retomou o beat. Apressada desceu as escadas.

Diário dos Sonhos IV: abandono ou Barba Azul

Acordei assustada, corpo mole e coração aos pulos. Também pudera, passei a noite em fuga! Sonhei que tinha uma sogra omissa e passiva, que endossava as atitudes vergonhosas de seu filho. Filho este que no sonho era meu marido! Ele era machista, grosseiro e violento. Esnobe, tratava todos como empregados. Cansada de seu comportamento, anuncio que vou deixá-lo. Fiz isso num shopping movimentado, esperando que o local público pudesse me proteger de mais agressões. Ele fingiu que não entendeu, então quando estava saindo se voltou para traz e me ameaçou: "eu vou te achar, não importa para onde você vá! E aí... Aí você vai experimentar o meu castigo!"
Saí correndo e me escondi no estacionamento, sabia que ele estava me seguindo e planejava me atropelar. Encontrei alguns amigos (todos homens) e implorei por uma carona para casa. A carona não aconteceu, mas meu marido apareceu... Acordei assustada e desliguei meu despertador, são 5:15hs

Azul ou A fonte dos desejos II

Voltando pra casa, pela segunda vez, Ela encontra Azul. Seria um sinal de que estaria refazendo corretamente seu caminho? Algumas coisas não mudaram, determinadas sensações ainda eram presentes, mas hoje o diálogo é outro, a maturidade é diferente. Eles riram do que não fizeram e agradecem por ter sido assim. 
Ela olha para o chão e vê uma moeda, semelhante a que jogou na fonte dos desejos em outros tempos. Mas e agora, o que pedir?


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Noca: no bar

Noca estava andando a esmo quando sentiu muita sede e resolveu entrar no primeiro bar que encontrou. Lugar simples, nada demais, ela não entendia o porquê de estar tão cheio. Já estava quase indo embora tamanha a demora em ser atendida quando reparou num rapaz. O garçom tentava lhe entregar sua bebida, mas ele estava distraído observando o movimento e só escutou da segunda vez “sua cachaça senhor!”.
Estavam sentados perto e Noca não conseguia tirar os olhos dele. Era tão lindo, mas carregava um ar tão angustiado... Ele até passou o olhar comprido por ela, mas não a viu. Ele deu uma tragada longa no seu cigarro e soltou a fumaça pela boca e pelo nariz, como se estivesse brincando de fazer desenhos no ar. Noca até pensou em falar com ele, mas era bem claro que ele queria ficar sozinho. Então em sua mente ela criou um diálogo para eles, imaginou que ele deveria ficar ainda mais lindo sorrindo, simulou um brinde... O local estava repleto de casais e Noca se perguntou se ele esperava por alguém. Será que ela estaria para chegar? Ela se levantou para ir ao banheiro e decidiu que quando saísse, se ele estivesse só lhe pagaria uma bebida, mas quando voltou só teve tempo de vê-lo olhar no relógio apressado, terminar sua cachaça e sua cerveja e partir.

domingo, 22 de setembro de 2013

Noca


Olhou uma ultima vez no espelho, passou um pouco de perfume atrás das orelhas, pegou as chaves na mesa  e foi para a rua. Noca precisava bagunçar! Já chegou falando alto, apresentando quem não se conhecia, dando pitaco na conversa ao lado, distribuindo assunto entre os que estavam em silêncio... Noca emprestou os ouvidos pra um, os ombros pra outra e perto do final da noite (ou do começo do dia) dividiu sua boca com aquele que por várias vezes arriscou uns trupés com ela no salão. Ele sabia como fazer Noca rir de perder o ar e ela sabia como deixa-lo sem jeito, sem graça!  Depois de tanto tempo, ser tocada por outro alguém... Ainda era estranho, mas eles tinham certa intimidade e muita afinidade. Sem grilos, Noca se permitiu! O dia já estava bem claro quando ela resolveu voltar para casa. 
- Me deixa te levar? - perguntou o moreno
- Não precisa nego, essa caminhada eu faço sozinha! - respondeu Noca sorrindo e saindo, sem dar a ele tempo para mais argumentações.
No ônibus Noca se lembrava de uma pessoa quando adormeceu. Acordou pontos depois do que iria descer! Deu risada e falou por dentro "é só pensar em você..." Aproveitou a ocasião e passou na padaria! Comprou pão, bolo, queijo, suco...

Diário dos Sonhos III: a viagem e a boneca dos beijos

Estávamos indo viajar de carro. Acho que quem dirigia era meu pai. Tinha alguém no meu colo, mas não me lembro quem. Íamos para a praia! No caminho paramos em um local onde estavam acontecendo eventos. Enquanto o motorista foi resolver outras questões eu comecei a explorar aquele lugar... Outro esquecimento.
Acordei por volta das 6h – Intestino Grosso – absorção e excreção de substâncias...

Saí do sofá e fui para minha cama, lá sonhei que estava subindo uma escada. Não estava só. Eu e meus amigos estávamos encantados com a visão que tivemos de uma boneca e queríamos beijá-la. Ela estava em uma sala, num dos últimos andares. Eram vários lances de escada, lembravam corredores de colégio, mas estávamos seduzidos e determinados! Não me lembro como ou porque recebemos a notícia de que teríamos de voltar. O rapaz tratou de começar a descer as escadas, eu e minha amiga não. Nos olhamos e nos beijamos. Ela estava com um batom rosa vivo nos lábios e para que não ficassem sabendo da nossa troca de prazer interrompemos o beijo e limpamos a boca.
Acordei por volta das 11h – Coração – residência da mente e do espírito...

sábado, 21 de setembro de 2013

Univalente

Confesso que normalmente meu peito arde quando te leio e minha vista fica molhada. Aqueles calores surgem e me desligo do mundo. Entro numa frequência que me conecta somente a você. Por estar distraída do resto já perdi o ponto, a estação, a fala... Fiquei feliz ao perceber a pista que me deixou... Não sei se já estava ali e eu que não notei, mas só reparei na segunda vez!
Pensei em te responder, mas aprendi que nem tudo na vida precisa ser dito, algumas vezes simplesmente porque não conseguimos, outras porque falamos pelo olhar, pelo pensamento, pelo toque... A gente sabe e é isso que importa! E nesses momentos nossos universos se encontram e se tornam um de dois, dois de um, um de todos, vários de nenhum...

 Te gosto!

Do latim prosa, que significa discurso direto, livre, em linha reta”

Histórias de Meadora: neve e cinzas

Meadora acordou sem saber por quanto tempo dormiu. O coração apertado; a boca salgada ainda guardava o gostinho do mar e sua pele brilhava, coberta por cristais de sal. Planejava tomar um banho de rio, mas quando saiu da caverna avistou muita fumaça no céu e soube na hora de onde vinha. Correu o mais que pode! Seus pés, que ainda estavam feridos de tanto ir e vir, cambaleavam e por algumas vezes Meadora quase caiu. Chegou à praia e não conseguia acreditar no que seus olhos viram: quilômetros de mar congelado! No lugar da antiga areia existia um recuo de neve e cinzas. Dna. Quitéria (a antiga moradora) completamente aflita, as mãos queimadas de suas varias tentativas de fazer fogo e impedir que tudo esfriasse. Meadora temeu por Ele! Ela escalou a barreira de neve e caminhou por cima das águas duras e gélidas. Olhou para baixo e localizou o que ela imaginou ser o coração daquela fundição. Tirou as roupas, os pelos, a pele e completamente nua deitou-se sobre o mar. Seu coração era quente e sem ressentimentos, grande e forte! Meadora penetrou sutilmente os dedos das mãos e dos pés no gelo. Encostou seu ventre, sua boca, seus seios, seu coração naquelas águas. Sussurrou baixinho "não tenha medo, eu vou ficar aqui com você até tudo clarear!" Não importava o passado ou o futuro, Meadora conhecia bem o próprio destino e aceitava sua missão. Ei Barqueiro, você não sabe amar? Não se preocupe: Meadora não nasceu para ser amada!

"
Não tema, não
não há problema, não
se você quiser, eu vou praí
tudo pra fazer você feliz."


Qual é a música?

Ela sabia que Ele não estava bem, mas também tinha suas duvidas de como agir. Até onde poderia ir? O que falar? Ao menos Ela estava feliz com o retorno do Poeta. Sim, era uma pequena fechadura pela qual Ela poderia ouvir sua mente, suas emoções e tentar entender o que se passava. Ao ler apressadamente a tempestade de "desabafos" sentiu-se ainda mais semelhante a Ele. Tanta coisa em comum... Mas esse sentimento foi rapidamente subliminado pela ansiedade de chegar em casa e silenciar o mundo, para dar atenção somente aos escritos Dele. Observar cada ponto, cada vírgula, cada sensação. Era impossível ler uma vez só! Ela queria escutar a musica que ele escolheu por para tocar...

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Histórias de Meadora: de volta a caverna

Meadora ainda estava saindo quando escutou risadas de mulher. Atendendo ao seu reflexo olhou para traz. Antes que pudesse ver o rosto "dela(s)" – que se aproximava(m) da água – desviou o olhar para adiante. Notou que o Barqueiro se preparava para fazer outra travessia. Meadora nunca quis saber quem "elas" eram, mas o destino e o descuido assumiram a situação. Voltou-se novamente para frente e seguiu seu caminho. Não se perdeu na volta. Obedeceu  seus instintos e encontrou sua trilha. O mato estava alto, Meadora percebeu que estava carecendo de cuidados. Ocorreu-lhe carpir um pouco, mas logo desistiu. Não havia pegadas, nenhuma marca de que alguém tivesse tentado se aproximar. Algum tempo depois e estava em casa, uma caverna rústica e de aparência sombria. Para penetrá-la era necessário se espremer um pouco para passar pela pequena fenda. Ali Meadora se imaginava protegida do sol, da chuva, das lavas e ventos... Do tempo! Já não era mais estação para hibernar, mas Meadora estava tão cansada que largou seus ossos no chão e tentou dormir.

"Ainda não fazem pessoas de algodão"


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Diário dos Sonhos II - gravidade horizontal

A rua esta vazia. Olho para traz e as luzes se apagam, tudo vira um breu profundo. Luto para andar, seguir em frente, mas sinto uma força semelhante a gravidade me puxando para a parte escura. Resisto e me agarro a um poste, não há progresso nem regresso. Olho para o lado e vejo um vulto passando, sei que é um homem. Não o reconheço, mas também não penso em lhe pedir ajuda. Sinto meu coração disparado e escuto um som que cresce aos ouvidos. Percebo que é uma voz feminina, me lembra uma ladainha de igreja. Abro os olhos e a voz ainda é presente, não consigo entender se estou acordada ou sonhando... Viria de dentro ou de fora? Sonolenta, me levanto e ascendo a luz, coração pulsando na boca feito batedeira. Me falta o ar! Olho no relógio, novamente são 3h da manhã. 
Segundo os chineses, a energia "caminha" pelo corpo a cada 2h. Passeia pelos meus pulmões na madrugada. A tristeza não me dá um desconto nem quando estou tentando dormir.

Diário dos Sonhos I - força pra ponte

Meus sonhos ficam cada dia mais claros! Começo a entender o(s) significado(s) que meu inconsciente atribui a cada símbolo. Ainda me questiono quanto os sonhos premunitórios, não duvido da veracidade deles, só me falta mais experiência para identificá-los. O medo atrapalha muito... na verdade,  posso usar esta "sensação" como indicativo... Bem, tenho me lembrado de quase todos os sonhos e com uma ajudinha de dois amigos estou dando força a esta ponte que surgiu tão naturalmente.

Mental Mala

Inquieta, irritada, dispersa... Necessidade de por as coisas pra fora, mas elas não vem. Que coisas são essas? Repetidas, novas? Todo post parece em algum momento querer dizer a mesma coisa. Mas que coisa é essa? Espreme, aperta a espinha, machuca a pele e... nada! A "sujeira" não vem. Será que tudo precisa ser ainda mais digerido? Inferno astral? Carência? Egocentrismo? Cansaço? Cala a boca "mental mala"! Por favor, silencie dentro e fora de mim!! Troca a música, desliga o rádio, mais um repeat... Não quero um vaso quebrado na minha sala, não quero ser vaso quebrado na mesa de ninguém, mas quem está inteiro? Quem não tem lascas, dobras, marcas? Palavras, palavras, palavras... Não dizem nada! Ações, atitudes, pausas...  Não mostram nada, não provam nada! Paciência! O coração bate descompassado, na fé, na esperança de que algo vai mudar, vai acontecer... Tô certa? Não é assim que acaba a historia, é? Não sei... Não sei... Quem sabe? Quero entrar no quarto, fechar a porta e sumir... Não! Quero pegar o ônibus e sumir... Não! Quero que você me ache... Não! Quero me achar... Não sei, não sei, quem sabe? Porque me angustia quando conto meus segredos? Porque ela me "conhece" e me diz que estou com cara de doente? Porque eles todos não param de bater na porta e me deixam terminar? Esperem! Porque suas palavras me dão calor e me deixam inquieta? Porque seu silencio me preocupa? CALA A BOCA MENTAL MALA! Mala, mala, você é um mental mala, mala, mala, você é um mental mala...

"
Tire sua fala da garganta

E deixa ela passar por sua goela"

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Visitante misterioso

Estas suas visitas silenciosas... Confesso que me deixam curiosa! Quantas vezes você leu cada um? Você leu? Gostou? O que diria se tivesse coragem, se tivesse vontade? Queria ver suas feições quando "se percebe" nas minhas linhas, queria ser uma mosquinha bem pequena e pousar na tela do seu computador, te olhar de frente e observar tuas expressões... Elas mudam? Você dá aquele sorriso de canto ou faz aquele olhar manso que eu tanto adoro? Ou será que mete logo uma bufada e rapidamente muda de página? Você vem mesmo aqui? Seja bem vindo ao meu mundo de sonhos, desejos, fantasias, dores, delicias e desabafos! Tem um pouco de tudo, entende? Meu visitante misterioso, que beija e cheira meu cangote na calada da noite. Sentado no jardim no meio da tarde... Segura em uma mão sua velha xícara empoeirada e com a outra passeia os dedos pelo teclado, a mesma sutileza que tinha ao me tocar. É assim que te imagino... Seja sempre bem vindo, na minha vida virtual e na real. Quando estiver pronto para trocar algo comigo descortine-se e venha. Tenho uma coleção de canecas e um café perfumado esperando uma boa companhia!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Conversa com Meadora: “sine cera”

Dia desses me lembrei de uma conversa com Meadora, ela me perguntou a origem da palavra sincero! Meadora tem dessas coisas, quer entender a raiz e significado de tudo. Me recordei da fala de um amigo e foi assim a resposta que dei a ela: “antigamente, haviam os bailes de máscaras e as pessoas queriam se conhecer e descobrir se tinham afinidades. Então quando estavam a sós pediam para ver o outro ‘sine cera’, sem a caraça de cera que lhe cobria o rosto e escondia a verdade”. 
Meadora pensou um pouco, enrolou dois ou três cachinhos de seus cabelos, me olhou com cara de confusa e finalmente retrucou:
- E por que é que as pessoas nunca tiraram as máscaras?


Eu...
Eu não consigo mais... Não sei se quero arriscar entrar no baile.
Um dia eu confiei nas pessoas, hoje não mais. Não há muito que dizer, simplesmente não entendo o que as leva a mentir, enganar, ferir... Eu coloco as cartas na mesa, eu me mostro, eu me deixo provar... Eu me exponho aqui e ali, eu...
Eu...

A verdade dorme cedo

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

De “O Livro Delas”: parte I - A noticia de Meadora ou O sorvete de pistache

Meadora tinha dores de cabeça desde sempre. Quando criança, chegou a ficar dez dias internada com suspeita de meningite. Cresceu e as dores acompanharam seu desenvolvimento. O que diminuíra era o espaço entre uma e outra. Percebeu que estava com a memória mais "fraca" que o normal. Lembrava-se de fatos de quando tinha três anos, mas se esquecia do que tinha ido buscar na cozinha; guardava detalhes de conversas antigas, mas não absorvia o conteúdo da matéria nova na faculdade... Sua memória estava altamente seletiva! Sem falar nada com ninguém, marcou neurologista. Com a mesma discrição fez todos os exames que foram pedidos. Chegado o dia da consulta, Meadora sentou-se frente ao belo medico que olhava serio o pacote de resultados sobre a mesa. Respirou com certa dificuldade, como quem escolhe as palavras e finalmente soltou algo: 
- Você veio sozinha?
- Sim.
- Por quê?
- Não fui orientada a vir acompanhada. Algum problema?
E então Meadora teve sua resposta. Ela já suspeitava disso, ficou parada em silencio por uns 15 min que lhe pareceram 25 anos. Foi interrompida pelo homem de branco que lhe perguntava se ela queria que ele telefonasse para alguém. Reuniu forças para dizer "não ha para quem ligar..." Levantou-se e agradeceu. Não derramou nenhuma lagrima. Não havia tempo para desperdícios. Mudou o caminho de volta e entrou na gelateria, fazia tempo que desejava um sorvete de pistache...




sábado, 7 de setembro de 2013

Barriga de vidro

Minha barriga cresce, estende e vai ficando transparente. Dá para ver o universo nadando dentro de mim! O agito de cada órgão, de cada víscera, as batidas do meu tambor... Cresce o mundo dentro de mim. Minha pele estica e posso sentir todos os movimentos, dos mais intensos aos mais sutis. Cresce dentro de mim... A vontade de dobrar a esquina e sumir, de acordar numa praia com areias brancas, de encontrar o que me espera por lá, de reinventar e tornar a existir. Nada me contém, porque vento é livre e voa por aí. Nada me prende, porque levo comigo as coisas que tive (ou não tive), deixando apenas os corpos por aqui. Sinto as dores se aproximando, uma nova borboleta irá surgir, ou seria um pavão de plumagem colorida?

"Esperança vem e vai"

Você(s)

para você(s) e para Kalu,


Você sempre chega quando menos espero, quando já me convenci e me adaptei de ser só. Me toma de assalto, me conquista num beijo quente e doce, e eu, por inteira, me apresento aos poucos. Com ou sem cachos, hippie que vende camisetas, músico barbudo ou um jovem tropicalista... Vocês são todos iguais e mesmo assim tão diferentes. Eu fico a me convencer de que não é você, de que será o próximo. Então um de vocês me pede mais, eu encantada, cedo ao sonho, ao desejo de ser você.  Porem não é. Depois vem outro e não quer nada, mas tem muito quartzo rosa dento de mim. Tudo dou, sem nada pedir, só que fique... Mas seu desejo é partir. Vai e resolve teu caminho, desenrola teu passado, decida quem quer presente. Pacientemente continuo na estrada, quem sabe um dia você passa de carro, barco, moto ou bicicleta sem ninguém na garupa... Quem sabe assim tenha um espaço pra mim? Não me arrependo do que faço, nunca me arrependi! Aprendo a cada tropeço, a cada esquina, a cada você que passeia por mim. O próximo virá. Porque você sempre me encontra e vem até mim. Vai perceber que mudei, fica cada dia mais difícil realmente me conquistar. Você perceberá que deixou uma menina e que as lixas da vida esculpem a cada dia uma mulher melhor aqui. Um dia você não vai temer tudo que sou. Minhas bobeiras, meu riso alto, meu jeito genioso e carinhoso, minha maneira inseguramente decidida de tocar a vida, minha força e minhas fragilidades. Um dia um de você vai bancar ficar até o “fim”. O tempo passa e eu não me divirto com os errados, porque cada um no seu "tempo", do seu jeito foi certo pra mim. Ele também será. Não me interessa saber por quanto tempo irá ficar. Você vem, você vai, você tenta voltar... Você! Sempre terá um novo você no caminho, esperando pra me encontrar.

"E o que que a gente faz daquela angústia?"

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Coco Solto - Sem Nome

meu primeiro coco solto, é seu!
sem nome, porque tem coisas que agente sente e não sabe nomear...
  


Ô Amaro, ô Amaro
Ô Amaro, ô Amaro

Ô Amaro, ô Amaro
Como faz pra esquecer?
Ô Amaro, ô Amaro
Esquecer a boca tua
Ô Amaro, ô Amaro
O teu gosto, o teu cheiro
Ô Amaro, ô Amaro
Sua pele toda nua

Ô Amaro, ô Amaro
Vem pra cá pra passear
Ô Amaro, ô Amaro
Vem deitar mais eu na grama
Ô Amaro, ô Amaro
O dia arde lá fora
Ô Amaro, ô Amaro
Tu mais eu arde na cama

Ô Amaro, ô Amaro
Vou seguindo pela estrada
Ô Amaro, ô Amaro
Vida não pode parar
Ô Amaro, ô Amaro
Vou rezando, vou pedindo
Ô Amaro, ô Amaro
Quem sabe te reencontrar

Ô Amaro, ô Amaro
Ô Amaro, ô Amaro

Inspirado no lindo, ensinado pela linda Renata Rosa