terça-feira, 25 de outubro de 2016

ser retrô

Homens do mar, da areia ou do asfalto
Crendo ou descrentes de Deuses e do inferno
Desenganados do amor
Será mesmo?
Endeusam o elefante branco que passou
Juram em nome de suas bandeiras negar eternamente o amor
Não seria esta uma devoção?
A promessa de ser eternamente enamorado da solidão!
Sustentam suas imagens e abafam o sofrimento, evitam comer todo o doce com receio de uma ou outra parte que esteja azeda
Tsc tsc tsc...
Quem é mais tolx? 
Quem deve se desconstruir e despertar?
Quem deve abandonar e ceder?
É raso, é o suficiente?
Eu me pergunto se é mais ou menos verdade o que a gente troca, o que vivemos nas poucas horas... O que se sente?
Eu sinceramente respeito convicções tão convincentes e admiro quem as alimenta com tanta certeza e suposta leveza.

Por onde eu andei enquanto todos souberam se adaptar as mudanças do mundo? Aqui permaneço retrô!

Tento, arrisco, experimento, leio, mas não internalizo.

Enfim, é com certo pesar que lamento esse meu conservadorismo e concluo que ainda não sou disso!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

invisível indizível

Vontade que se faz sinônimo de saudade
Imagens,        lembranças          
Nós    que     não       hà,      que       dura         o        suficiente        
Instante     de  dois   que     se    estende     pelas   semanas     segue
Caminhando escondido pelos meses    e s  p   a    ç     a     d      o         s
Intimidade que existe?  Que te incomoda?
Universos que se afeiçoam, se encantam e regressam pros próprios cantos
Seguimos silenciosamente no acerto invisível e indizível, sem regras, sem letras, sem tratos, sem lados

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Saturnos I

Os minutos passam e marcam o tempo
Meu relógio ainda está sem bateria
Por dentro sei as horas
Por fora desalinho?

Na corrida dessa estrada
Não há medalhas na chegada
Não tem disparo na partida
Sigo em ruas não sinalizadas 
Não há mapas
Poucas pistas...

Na primeira volta o ponteiro não faz amigos
Na primeira volta não socializa
Coloca o prumo
Cobra o rumo
Te põe cansado
Te tira o riso
É tão pesado...

Move-se pra longe
Mostra-me pra onde
Leva-me pra cima
Mas cansa mais pra subir do que a decida

Decida!
Carrega a renúncia escolhida
A dor e delícia de cada alternativa

domingo, 9 de outubro de 2016

brotar

Do pensamento a boca
A língua
O beiço
Um segundo, um momento
Dito

Da razão ao dedo
A caneta, a tecla
Dois tempos, o filtro
Escrito

Do desejo da liberdade
O sonho
O anseio
O medo
Há possibilidade?
É questão de habilidade?
Treino, como a equilibrista?
Sobe no tecido, com força e leveza de bailarina?

Faz chave e se lança
Enfrenta a dor e a insegurança
Se prende na firma pra ganhar o ar
Prazer e dor, sorrir
Sorrir, a plateia olha pra ti
Sorrir e (re)inventar

Deixar florir, a palavra que brotar