quinta-feira, 20 de outubro de 2011

No caminho, no mar

O vento chama pra partir,
A terra diz pra ficar...
Sou feita de desejos, sempre tive facilidade pra sonhar...
 

O coração tava tranqüilo, paciente, esperando a ordem das coisas se organizarem, esperando o destino se aprontar e se fazer, se realizar...
 “Vou ficar mais um pouquinho” cantava Tulipa de papel de fundo, mas ela também me ensinou que o “meu amor sai de trem por aí e vai vagando devagar, para ver quem chegou” e quem chegou foi o agora, chegou pra mudar tudo, pra acontecer, pra ensinar e encantar, veio colorir de risadas e pintar os sons, os movimentos...
Trouxe junto as borboletas no estômago, tão características dos amores novos, aquele medo bom, aquela certeza de alegrias...
Subo no  barco novo com certo receio (que é bom, pois sempre nos lembra de deixar um pé no chão e manter a humildade) e muitos amigos no coração.
Levo na mochila alguma experiência, muitos desejos e bastante sede.
Agradeço a todos que me receberam no antigo navio, mas agora o apito me chama e é o momento de desenhar meu caminho.
 
Gratidão é tudo que sinto, pelas bênçãos que choveram em mim, essa água que me lavou, que mãe Iansã mandou, que Serrana anunciou, que Oxalá ordenou, que tudo que é puro e bom manifestou!
Iemanjá que me proteja, peço licença Mãe Sereia, estou entrando no seu grande, misterioso e fabuloso mar...

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Reflexões

Hoje acordei cedo e fui pra terapia, como de costume, havia dormido tarde na noite anterior e estas horas de cansaço que vem se acumulando com minha  nova rotina estão se tornando uma bomba relógio dentro de mim, pronta pra explodir.
Com sono estou cada vez mais impaciente e irritadiça, sensível e chorona.
Em resumo não ando me suportando! Isso somado ao fato de estar no meu inferno astral tem me feito desejar a solidão e ao mesmo tempo temê-la absurdamente...
Mas voltando para o assunto do início do post, acordei atrasada (mas cedo) e fui para a terapia de carona com uma amiga.
No caminho falei freneticamente tentando aborrecer o cansaço até ele me largar, por fim chegou à parte do caminho que eu faço sozinha e então a reflexão ressurgiu.
Um dia antes indo para o trabalho vi uma cena simples, mas pra mim, cheia de significados:
Uma moça adulta e perdida entra no ônibus e simplesmente não consegue compreender as informações do cobrador.
Cada vez mais confusa e irritada ela para na catraca e começa a falar com ele que continua tentando explicar que ela está na direção errada.
Há esta hora eu que entrei bem antes da nossa mocinha atrapalhada estava quase me levantando e desentalando a mula do lugar.
Eis que como eu previa no ponto seguinte sobe outra jovem (que deveria ter a mesma idade que eu) com seu bilhete único na mão.
Ao contrário do que eu faria a nova passageira simplesmente para e espera.
Ela não faz nenhuma careta, não respira fundo, não pede licença, não reclama: NADA! Simples e calmamente ela espera.
Enfim a confusa percebe que está atrapalhando e desempata a catraca.
A moça que permanece com a mesma expressão suave passa e se senta.
Aquilo me fez ver o quanto eu gasto minha energia com coisas pequenas, quantas vezes tudo que temos a fazer é simplesmente passar pelas coisas sem lhes dar importância e não é isso que fazemos!
Ela provavelmente não vai comentar com ninguém o ocorrido, ela não deve nem se lembrar que aquilo aconteceu.
Eu teria feito (e estou fazendo) um post.
Eu preciso separar melhor o que é meu do que não é, o que demanda e o que não necessita de minha atenção e energia e simplesmente esquecer o que passou pra viver bem e em paz.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Meus anjos


para os meus anjos queridos...
Quem me conhece já deve imaginar o quanto eu estava chorando logo nas primeiras cinco linhas do texto de Ivan Martins – colunista da Revista Época, “Para quem você liga?”.
O escrito se encaixava muito bem no acontecimento do ia anterior e em sensações da vida inteira.

Em tempos diferentes eu tive vontade de ligar para pessoas diferentes, na maioria das vezes eu não telefonei... Guardei aquele medo, aquela tristeza ou desabafo só pra mim.

Falta de confiança ou desejo de não incomodar?
Com a maturidade percebi que existem uns poucos para quais eu realmente posso ligar e confesso que dói ver que a lista reduz a cada dia, não só pelas minhas escolhas, mas pelo comportamento de cada um.
Seria injusto mencionar uns e esquecer outros, mas nos últimos anos algumas pessoas não esperaram minha ligação, mas se fizeram imediatamente presentes quando sentiram minha necessidade: uma receita de floral, um almoço no apartamento da amiga, uma pausa no expediente para dar dicas de RH, um violão dado, um torpedo cheio de carinho...

Eu ainda resisto em discar os números dos meus anjos, mas reconheço que eles existem!


“O significado dessa história cotidiana me parece da maior importância: é essencial ter alguém para quem ligar quando estamos aflitos, tristes ou perdidos. É fundamental ter com quem falar quando o mundo a nossa volta desmorona ou parece hostil e desanimador. Mesmo quando estamos felizes diante de uma notícia inesperada, ou de algo por muito tempo aguardado, temos necessidade de falar, contar, dividir. Para quem você liga nessas horas?” - Ivan Martins

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Histórias de Meadora: pegadas

Meadora tinha pés finos e ossudos.
Trinta e Sete foi o nome que deram aos gêmeos, mas Meadora chamava em segredo de Sete o direito e Seis e Meio o esquerdo.
Sete e Seis e Meio nunca se deram com sapato nenhum, queriam mais viver descalços pisando firme em asfalto, areia, neve, água de mar, terra molhada...
Eram dois curiosos que contavam para sua dona a cede de caminhar pelo mundo e deixar suas pegadas.
Os meninos eram dois guerreiros, seguravam a barra de levar Meadora para todos os lados o tempo inteiro e em off: Meadora deu uma engordada!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pedras


Este “merecimento” que eu “não” entendo
Estas preferências que todos vêem e fingem não saber
Estas “estranhezas” que começam do nada e ficam
Estas pessoas difíceis demais,
Inconstantes demais,
Superficiais demais,
Cansei!
De tentar atingir o inatingível,
De tentar agradar o incontentável,
De tentar compreender o incompreensível,
De tentar perdoar o que nem devia ter começado.
Cansei de tentar transpor este muro, esta montanha, este bloco de pedras.
Pedras, esta é a maioria!
Pedras de gelo,
Blocos de pedras de gelo!
Tristeza invade
Decepção instalada
Queria perceber o que é esta diferença,
O que nos separa?
O que faço ou não pra não estar “dentro”?
Quer saber, não faço mais questão de entender nada!
Me dói, mas passa.
Se são de pedra, também sou dura
Escrevo agora no cimento
Que é pra me lembrar sempre:
"Graças a Deus com este time não me pareço!"

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Para um amor em Recife

inspirado nos amores de AnaLe, para você amiga querida!
 

Não sei se já te disse hoje
Não lembro
Não sei se disse isso alguma vez
Não sei
Não sei se você sabe, se lembra
Mas você deixou em São Paulo alguém que gosta de você
Não sei se chove em Recife, se venta
Não sei como o dia nasce nem à que horas o sol costuma se esconder
Não sei
Não sei se as estrelas te contaram, se elas sabem
Mas pedi a lua pra sempre te proteger

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Avante

com carinho
 
Sem a menor sombra de dúvida as pessoas estão onde suas escolhas as levaram!
De nada adianta viver olhando para traz, ou cobrar dos céus o que temos como probidade: a melhor justiça é superar e seguir em frente!
De nada adianta perder horas reclamando sobre o sucesso alheio, lícito ou ilícito, o caminho correto para chegar onde se almeja demanda tempo e trabalho, não o desperdice cobiçando o que não é seu.
De nada adianta planejar um futuro que não será executado, faça as coisas que deseja hoje e terá garantido o amanhã.
Mas principalmente, não acredite em receitas prontas, porém use as folhas em branco para escrever a sua história.

Alguém me disse que esse seria o ano da minha “virada para melhor”...
Outro alguém me disse que só se entende o passado vivendo o presente.
Concordo com os dois!

Não tema o que é novo, só se aprende a fazer algo fazendo e só se está pronto para “ser” quando realmente é.
Lembre-se que tudo que foi vivido é totalmente relevante, mas importante mesmo é o agora!
Tenha fé sempre, pois se está difícil com Ele, será impossível sem!

Siga em frente!

(escrito ao som de Adeus - Móveis Coloniais de Acajú

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Meu maracatu


O Maracatu é minha paixão, isso não é segredo

Só sendo brincante pra entender o amor pelo brinquedo!

Escola de alegria,

Encontro de culturas,

Magia que contagia,

Povo que se mistura.

Baque de peso que quebra,

Loa com força de reza,

Alma que chega em casa,

Valor que se agrega.

Terra de reis e rainhas,

De damas, batuqueiros e baianinhas...

Foi lá que meu coração achou seu par,

Que minhas mãos descobriram o agbê,

Que eu fiz uma porção de amigos,

É lá que meus pés gostam de se mexer.

Axé que trago comigo

Bandeira que carrego enquanto viver!

"Meu Maracatu chegou
pra arrastar a multidão.
Tem a força do tambor,
feito prece e oração."

(escrito ao som de Mãe África - Márcio Lozano)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Um ciúme D'Repente


Eita bichinho danado,
Que não se vê, se sente
Que morde e cutuca
Que provoca e machuca
Que leva a loucura
Que da dor no peito
Na alma e na carne
Parece não ter cura
Que tira do sono tranqüilo e leva pro pesadelo doente
Que planta a insegurança em solo que tava contente
Que mata amor bonito
Que faz a solidão presente
Eita bichinho danado!
Eita praga resistente!
Que faz do mar de alegria um sertão cheio de serpente
Que amarga a boca
Que faz virar lembrança aquilo que era presente
Que escurece o brilho dos olhos
Que faz tristeza na gente
Eita bichinho danado!
Maldição que ninguém assume
Sai de mim moléstia
Vai de reto ciúme!

domingo, 10 de julho de 2011

A roda, a tesoura e os desejos


para todos e para Ana Le Guimarães

Por ter essa vida dançante musical guiada por Deus e pelo vento, nem sempre as palavras têm de ser tão minhas, podem ser tão do outro e me descrever com tamanha verdade ou decifrar momentos tão sutis...
A roda gira e não tem mais o mesmo sentido, mas traz a mudança pra cá; traz a necessidade de falar, pintar, expor o que á tempos já está transformado na alma.
Cansa-me olhar no espelho e ver o rosto que já não é mais meu, quero por nele a diferença que sinto, quero ter estampada na pele as minhas verdades, os meus sentimentos...
Quero seguir pra onde mora a minha alma, tendo a certeza de que o agora só dura o tempo de um instante e que o depois não pertence a ninguém.
Quero cortar os cabelos, redesenhar o corpo e contar como superei um dos meus piores momentos; quero dizer o quanto isso tudo me ajudou e que Ele nunca me deixou.
Quero agradecer a todos que (in)voluntariamente me inspiraram a continuar...

“Foi a tesoura do desejo
Desejo mesmo de mudar”