segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Namastê!

Começo pelo começo

Sinto muito por suas feridas, por todas elas! As causadas aqui ou na ancestralidade.
Me perdoe por suas dores, dissabores, desamores e descontentamentos. Os causados por mim aqui ou na ancestralidade.
Sou grata por sua vida e existência, por suas ações que me ajudaram a encontrar o meu caminho.
Te amo, pois amor é o único remédio universal.

No meio
Compreendo que a única forma de resolver isso é plantar duas flores para cada uma que foi arrancada. É fazer gestos de carinho no momento em que me der vontade de ferir. É ofertar mais amor quando mais doer aqui dentro.
Para cada uma tentativa de sabotagem serão dois beijos, dois abraços...
Porque é impossível ser feliz com medo, é impossível ser feliz numa prisão!
Não vou odiar nem sofrer, pois amor gera amor e ódio gera ódio.

Não tem fim
Nada é para sempre, sempre é o tempo que duram as coisas!

As águas me lavam e me curam


Asé

Fios soltos

Os fios dele embaraçados... Eram como lãs coloridas, algumas cores tão vivas que brilhavam no escuro, outras tão negras que me deixavam sem palavras. Começamos a tecer juntos - por escolha, livre escolha - um tapete, um caminho... Por algumas vezes a gente notava uma linha estranha e se olhava... Ele sobrancelha arqueada, cara de medo e culpa. Eu ignorava. Fio estranho “eliminado”, por conta disso alguns pontos desfeitos, mas logo o tecer (re)começava. Por algumas vezes a gente notava uma linha estranha e se olhava... Ele sobrancelha arqueada, cara de medo e culpa. Eu puro desentendimento. Fio estranho “eliminado”, por conta disso alguns pontos desfeitos, mas logo o tecer (re)começava. Por algumas vezes a gente notava uma linha estranha e se olhava... Ele sobrancelha arqueada, cara de medo e culpa. Eu puro desespero. Fio estranho “eliminado”, por conta disso alguns pontos desfeitos, mas logo o tecer (re)começava. (Re)começava, (re)começava... Até que cansada desta dança que não progredia, desta trepada que brecava e o gozo entalava, questiono que são todos aqueles fios soltos? Faço um pedido: APARA! Devolve os novelos, deixe que outros possam terminar seus tapetes. Você que reclama o não andar, te livre destas malas, destas que arrastam correntes. O tempo dele diferente, o processo caminha, mas por vezes empaca. Por algumas vezes a gente notava uma linha estranha e se olhava... Ele sobrancelha arqueada, cara de medo e culpa. Eu... eu estou aqui com ele (e permanecerei)! Fio estranho “eliminado”, por conta disso alguns pontos desfeitos, mas logo o tecer (re)começava!

Desmodium adscendens

Ela havia corrido toda a Augusta debaixo de chuva pra pegar aquele ônibus, mas não deu! Entrou na loja pra se proteger das gotas pesadas. Assustou-se! Nunca havia notado aquele lugar com cara de venda de artigos místicos. Do escuro que provinha dos fundos, logo depois de um extenso balcão uma voz pronunciou seu nome. Ela ficou completamente arrepiada, poucos se referiam a ela assim... Atendeu ao chamado e uma senhora aguardava sentada. Luz de vela, frasco pequeno de vidro nas mãos. A velha disse que há tempos que a esperava e que tinha um presente pra jovem moça recém-aniversariada. Um bilhete acompanhava o vidrinho, instruindo quatro gotas na caixa d’água e no filtro de casa. A garota saiu em silêncio, lá fora um sol imenso brilhava e ela preferiu abrir mão dos óculos escuros. Chegou em casa e sentou estática. Levantou num ímpeto, decidida e finalmente deletou todos os seus lamentos, desfez o altar que tinha em devoção aos outros tempos, pegou as caixas de nomes engraçados e queimou na chama renovadora as cartas e seus sentimentos. Agora sim, novos momentos!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Ensaio sobre a urgência I

para Jú Sereia e todos nós que sentimos urgência em viver,

Portar um câncer não é passaporte garantido para a morte, mas te faz experimentar sensações que chegam bem próximo do outro plano e as vezes te fazem desejar que tudo acabe e o fim chegue logo... Claro, isso eu apenas imagino.

Constantemente me pergunto que certeza é esta que as pessoas tem de que existe o amanhã? Longe de eu ser pessimista, mesmo quando estava sofrendo de depressão eu acreditava que existia uma luz... Eu apenas não estava enxergando, mas sabia que ela estava lá.
Mas o mundo em que vivemos é louco e as pessoas estão cada vez piores. Quem pode prever um terremoto, um maremoto, uma bala perdida, um acidente no transito, um infarto? Quem pode afirmar com certeza que chegará ao outro lado da rua?

Eu partilho com alguns essa urgência em amar e ser amada, este exagero de sentimentos, esta necessidade de colorir os dias, de abraçar as pessoas, de tocar nos animais...

Eu choro, grito, mordo, abraço, dou risada e fico calada. Tudo num único minuto. E não me coloque outro rótulo, bipolar é a senhora sua mãe! Eu me intitulo IN-TEN-SI-DA-DE!!


“Onde não puderes amar, não te demores” não sei porque insisto em permanecer tantas vezes por tanto tempo onde não posso transbordar este afeto. Creio que seja porque acredito na natureza boa do ser humano, acredito que o amor é o único caminho para a cura de todo e qualquer mal/mau! 

Por dias ainda melhores

Amem... amém!

Santa, paciência...

Quanta falsidade e hipocrisia, Noca dava risada, pois Me fingia não ter lido o escrito, mas no seu íntimo Noca sabia a verdade.

Que chatice de Me em querer fingir a público que estava bem, em contar quantas rolhas cheirava e que as canetas que a "rabiscavam" eram de requinte sem igual. Mentira! Porque se estava assim tão feliz, se portava livros novos nas mãos porque procurava quem já não lhe carrega mais da mesma forma no coração?!

Noca era intensa e estava irada, queria apontar o dedo e dizer bem forte "mentirosa, disse que não queira estragar nada, que jamais faria o que fizeram com você, mas faz pior! Agiu à surdina, na calada, sorrateira feita uma rata e tenta retomar o afeto que ele te negou!"

Sabe o que realmente espinhava? Era o fato de Noca ter dado respeito a Me, tratando-a como loba e ela, dona Me, agindo feito uma vaca!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Esfinges


Dia desses tive um papo daqueles que me deixam impressionada, conversava com uma amiga psicóloga, amante de Jung e suas práticas. Falávamos sobre o método da caixa de areia e ela contava sobre a experiência de uma outra terapeuta que faz uso da mesma abordagem: um dia em seu consultório atendendo um homem adulto com o Sandplay se viu diante de um curioso cenário com uma esfinge bem ao centro. Muitas foram as tentativas de compreender o que o inconsciente do paciente tentava comunicar... O processo chegou ao final, eis que cinco anos mais tarde a tal psicóloga recebe um telefonema do moço, perguntando se ela ainda tinha a foto daquela construção na caixa, a que continha o símbolo misterioso. Ela passou a mão no registro que estava em seu arquivo e foi ao encontro dele para um café. Se surpreendeu com a aparência do ex-paciente, bem mais magro e um tanto abatido. Para arrepio da terapeuta, meu e de todas as pessoas que escutam esta história o rapaz havia sido tocado pelo HIV naquela época da terapia com as miniaturas... 

Segundo lendas mitológicas o enigma da esfinge é “decifra-me ou te devoro”.

Passado algum tempo sonhei que entregava uma prova para meu professor e quando ele ia corrigir ele ficava repetindo “grávida, você está grávida!” Acordei suada, assustada e prometendo que não iria transar nunca mais (¬¬), tomei uma água e fui refletir a respeito. Cheguei a conclusão que de fato estou grávida, porém de ideias e projetos que necessitam de cuidado e nutrição tal qual um feto, mas que a hora do parto também chegará e meus frutos terão de ser educados e criados para o mundo e não pra mim mesma. 

Desapego, enfrentamento e responsabilidade...

Com um inconsciente tão lúdico e ávido por luz e compreensão não se brinca!

Cada um é devorado por seus próprios monstros e eu não quero que os meus saiam de dentro do armário, não sem que antes eu os (re)conheça.

E você, já deu atenção pra sua psique hoje?