sexta-feira, 21 de abril de 2017

Éssepê

(H)á pertos
Há partos
O deslocamento imenso cotidiano
Aqui, ali, pra lá
Longamente sozinhos.

Poesia efêmera, mortal
Invisível, sutil
O aquilo que ninguém vê
Enquanto a cidade corre com pressa e medo
O aquilo que ninguém se permite dizer que sente.

Cães tomam sol na barriga, patas abertas
Cadelas
Pernas e bocas abertas pro sol penetrar
As entranhas da cidade destruída distraída
Que corre com medo e com pressa
Sem nem saber onde quer chegar

quinta-feira, 13 de abril de 2017

gogóia

Meu cheiro é doce
Não se confunda com minhas palavras e temperamento fortes
Não se assuste com minha alma de faca e fogo
Fique se quiser, eu quero!
Mas se quiser partir vá sem demora, agora, na sua hora
Você pode, você deve!
Meu gosto é doce
Rapa dura não é mole
Eu sou raíz
Eu sou pimenta
Eu sou colo
Peitos, pelos, leite, palavras, pensamentos
Imensidão, desejos, lágrimas, sorrisos
Sou a linha fina que rompe
Rio 
Remédio e veneno
Sou bagunça e movimento ainda que no mais absoluto silêncio

quarta-feira, 12 de abril de 2017

sós

Não estamos sós no que sentimos
No bem querer que perdura, como queremos
E nas lembranças boas das conversas, risadas, músicas, cheiros, amor, beijos...
Não estamos sós nem com a distância
E mesmo sem um bis nós nos vemos
Via sonho e pensamentos 
Conversamos
Na memória, na delícia da memória 
Revivemos
E se nunca mais colocarmos os olhos, mãos, saliva e gozo um no outro
Ainda sim
Não estaremos sós
Seguimos juntos acarinhando o bem de dentro