segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

você



As palavras se embaralham e não consigo dizer
Tantos anseios e nada explica
Paixão feito farpa afiada cravada no peito
Surgiu sem convite e agora suplico: se retira!
Meu corpo estremece e se aquece na lembrança do teu sorriso
Sua imagem brinca na minha retina
Na memória do gosto, do gozo, de dentro...
Me confundo nos desejos por tua boca, teu corpo, partir, teu suor, teus pelos...
Me abrigo
Sofro
Quero gritar seu nome
Quero gemer no seu ouvido
Engulo duro o choro, respiro
Como amor pode ser castigo?

Cajuína

A brisa da ganja, passa
O fogo do porre, apaga
A ilusão da esperança, borra
A força da sustentação, falha
O efeito do Rivotril, revoga
O salário, falta
A ponta do lápis, quebra 
Mas cajuína...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

silenciar

Foi no décimo terceiro dia de outubro no elevador do Hospital Maternidade São Camilo que chegou gritando e chorando à plenos pulmões!
O tempo passou e chorando à plenos pulmões
O tempo passou e plenos pulmões
O tempo passou e pulmões
O tempo passou
O tempo
O

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

juízo chapado

Pelas ladeiras quentes de mãos dadas com o invisível caminhei
A cada esquina dobrada esperava
Na casa do Amado deixei o sentimento escorrer em lágrimas
No mar quente de todos os Santos te entreguei


As águas frias do Rio nos fizeram mais ardentes
No asfalto te reencontrei

Os teus lençóis amassados ainda guardavam o cansaço, o contorno
No banheiro o resto de rastro
Dos teus lábios surgiu o verbo a palavra que pro teu suspiro deu corpo, deu formato
Brincadeira de menino?
Ego de macho?
Medo de gente?
Medo da gente?
Coração vagabundo que passa a perna em juízo chapado?!


"meu coração de criança não é só a lembrança de um vulto feliz de mulher"