Noca
adorava uma poesia! Vez ou outra, ao ler um versinho aqui, um soneto acolá
sentia seu coração ser invadido por diversas cores. Às vezes escapava uma
lágrima, noutras um sorriso de canto... Eventualmente ensaiava escrever algo
tamanha era sua inspiração, mas logo parava. Lia, relia, amassava seus esboços
e apenas suspirava.
Eis o último ladrão de “respiros” profundos:
Soneto
Por que me descobriste no
abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo
Por que não me deixaste
adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída
Por que desceste ao meu porão
sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio
Chico Buarque
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