sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Noca: chico, soneto e suspiro

Noca adorava uma poesia! Vez ou outra, ao ler um versinho aqui, um soneto acolá sentia seu coração ser invadido por diversas cores. Às vezes escapava uma lágrima, noutras um sorriso de canto... Eventualmente ensaiava escrever algo tamanha era sua inspiração, mas logo parava. Lia, relia, amassava seus esboços e apenas suspirava.

Eis o último ladrão de “respiros” profundos:

Soneto

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio


Chico Buarque

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