Na família de Noca
escrever era hereditário. Herança esta que ela descobriu cedo, brincando na
máquina de escrever de sua avó. Aliás, sua avó materna foi sua grande mestra!
Nos sábados a noite costumava ler suas poesias e cantar músicas da época que
tentou carreira no rádio para sua neta, que ficava encantada... Na infância,
Noca começou a rascunhar seus versinhos e passou a presentear seus amores com
eles. Quando ela se apaixonava comunicava o garoto assim, por escrito! Os
meninos eram muito novos e não compreendiam a profundidade daquela jovem
mulher, que iniciava também naquela fase suas dores de desamores... Noca
cresceu e com ela o carinho pelas palavras e seus significados. Um dia resolveu
"organizar" todos os seus escritos num local só e abrir seu
livro para quem quisesse ver. Descobriu que era uma maneira de expressar seus
sentimentos, diluir angústias, prosear, inventar liberdade... Conheceu pessoas
que faziam algo parecido e passou a se corresponder com algumas delas.
Diariamente, fizesse chuva ou sol, ela ia até a caixinha do correio e colocava
sua mão lá dentro, coração aos pulos, ansiosa por suas cartas! Uma em especial
sempre fazia seu peito bater mais forte e a respiração ficar ofegante. Mas teve
um dia que a carta não chegou... Nem no outro, ou depois deste, seguinte a
aquele... Os olhos de Noca molhavam seus papeis e ela relia as trocas mais
antigas tentando reviver emoções de outrora. Aquele silêncio era cruel, doía em
cada parte do corpo de Noca. Sentou-se mais uma vez em um canto qualquer e escreveu
cartas para o vento e para o tempo. Aquelas que infelizmente você jamais vai
ler...
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