domingo, 13 de outubro de 2013

Histórias de Meadora: furacão vermelho II

O furacão girava bruscamente, triturado cada parte do ser de Meadora. Sua carne, sangue e alma se misturavam ao gelo e as cinzas. Ela sentia todas as dores e resignadamente aceitava cada uma delas. O ciclone rodou e rodou até que Meadora perdeu a consciência de quem foi e entendeu que agora ela e o gigante de vento eram um. Alucinada no misto de agonia e prazer ela adormeceu! Girou, rodopiou, trovejou e assim seguiram dias a fio. Eis que um arco-íris apareceu no céu, o sol queimou o vermelho, aqueceu as partículas e o furacão se tornou uma grande nuvem. Gotas gordas pingaram, pesadas e coloridas. Uma semente caiu e penetrou a terra. A chuva aguou o solo e uma folha bem verde brotou do chão. Da folha, uma flor e da flor o corpo de uma mulher começou a se refazer. Ossos, unhas, dentes, cérebro, vísceras, coração, cabelos, lábios grossos, seios miúdos, coxas roliças... Pouco a pouco sua alma gotejou sobre sua pele e uma brisa suave entrou pelo seu nariz inflou seus pulmões e lhe devolveu a vida. Meadora despertou e deu um grito alto que ecoou por toda a região. Não reconhecia onde estava. Não havia ninguém. Meadora estava sozinha, por conta própria...

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