O furacão girava
bruscamente, triturado cada parte do ser de Meadora. Sua carne, sangue e alma
se misturavam ao gelo e as cinzas. Ela sentia todas as dores e resignadamente
aceitava cada uma delas. O ciclone rodou e rodou até que Meadora perdeu a consciência
de quem foi e entendeu que agora ela e o gigante de vento eram um. Alucinada no
misto de agonia e prazer ela adormeceu! Girou, rodopiou, trovejou e assim seguiram
dias a fio. Eis que um arco-íris apareceu no céu, o sol queimou o vermelho,
aqueceu as partículas e o furacão se tornou uma grande nuvem. Gotas gordas
pingaram, pesadas e coloridas. Uma semente caiu e penetrou a terra. A chuva
aguou o solo e uma folha bem verde brotou do chão. Da folha, uma flor e da flor
o corpo de uma mulher começou a se refazer. Ossos, unhas, dentes, cérebro, vísceras,
coração, cabelos, lábios grossos, seios miúdos, coxas roliças... Pouco a pouco
sua alma gotejou sobre sua pele e uma brisa suave entrou pelo seu nariz inflou seus pulmões e lhe devolveu a vida. Meadora despertou e deu um grito
alto que ecoou por toda a região. Não reconhecia onde estava. Não havia ninguém.
Meadora estava sozinha, por conta própria...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá,
Obrigada por sua visita, antes de concluir seu comentário verifique se o formulário foi preenchido corretamente.