quinta-feira, 10 de outubro de 2013

As cartas de Noca II

O dia ainda estava clareando e Noca já saia para trabalhar. Como de costume, enfiou os dedos compridos e sem esperança pela caixinha do correio quando foi surpreendida com um envelope. Sentiu uma onda de calor tomar seu corpo, era uma carta dele! Noca reconhecia pela espessura do papel, pelo decalque que as palavras intensas geravam, pelo cheiro doce da carga da caneta... Puxou com tudo e levou o papel contra o peito que batia feliz e descompassado. Olhou o destinatário e reconheceu a letra dele, seus olhos sorriram! Estava para perder o ônibus então correu e guardou a carta no bolso para ler com calma mais tarde. Passada a manhã e o almoço, Noca foi até a esquina que costumava lhe fazer companhia na hora do cigarro, para saborear tranquilamente seu envelope. Abriu com cautela e passou os olhos pelas escritas uma, duas, três... cinco... dez... inúmeras vezes! A mente e o coração trabalhando em movimentos opostos. Não entendia, mas sentia! Sim, ainda pairava um certo silêncio entre eles... Noca queria responder, mas só conseguiu deixar escapar uma única palavra "obrigada!"

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