Naquela tarde Meadora foi ver Dona Quitéria. Fazia certo tempo
que o barqueiro não retornava e ambas viam como o mar estava agitado. Mas ali
era assim, instável, inconstante... Assim é a vida neah?!
Do local em que estavam vez ou outra era possível escutar um baque que soava alto, ecoando feito o trovão. O barqueiro era também batuqueiro, mas não era só ele que batia, o mar também dava suas pancadas. Meadora sabia que este processo era sofrido e necessário, mas acima de tudo era solitário! E lá estava ele no meio do oceano. Aflita, olhava para os lados buscando uma maneira de ajudá-lo mesmo que tão distante. Quando avista uma velha torre na parte mais alta da praia, sem pensar duas vezes, Meadora parte em direção à construção. Determinada, ela caminha por muito tempo por algo que um dia foi uma trilha bem cuidada, hoje não mais; um dia foi frequentada, hoje não mais; um dia foi adubada, hoje não mais. Sem hesitar ela segue e fica frente a frente com o que entende ser um farol. Já é tarde e está bem escuro,
Meadora tateia as paredes sujas até
localizar uma entrada. A porta está emperrada, mas Meadora não foi até ali para
desistir. Decidida, tira ainda mais forças de dentro de si, a porta cede e se abre. Ela
sobe as escadas empoeiradas e quebradas chegando ao topo onde pôde ter ampla visão do infinito: é ainda mais bonito! Mexe nos bolsos e acha o isqueiro
branco que o barqueiro esqueceu com ela, fecha os olhos pra se proteger e
queima o óleo que está no centro dos espelhos ascendendo imediatamente uma
forte luz. Ajoelha-se e ora para que o batuqueiro consiga ver a claridade e
encontrar seu caminho. Roga para que o calor daquela chama o aqueça nas noites mais frias e que a certeza de que alguém vai manter aquele fogo aceso o dê forças para
continuar navegando. Meadora adormece e sonha com ele e seu bote, ambos cheios
de cicatrizes, histórias, vivências, experiências... O mar que talha o barco e
por vezes derruba seu dirigente também sai marcado, as lascas de madeira que
perde a embarcação penetram e perfuram a água. Ninguém sai ileso desta batalha.
Dor... O coro também sente dor quando as mãos ou baquetas do barqueiro o
encontram e mesmo assim a pele canta. Meadora acorda, guarda o isqueiro, varre
a torre, e segue limpando um pouco o caminho já que volta para manter a
claridade enquanto ele não retorna.Do local em que estavam vez ou outra era possível escutar um baque que soava alto, ecoando feito o trovão. O barqueiro era também batuqueiro, mas não era só ele que batia, o mar também dava suas pancadas. Meadora sabia que este processo era sofrido e necessário, mas acima de tudo era solitário! E lá estava ele no meio do oceano. Aflita, olhava para os lados buscando uma maneira de ajudá-lo mesmo que tão distante. Quando avista uma velha torre na parte mais alta da praia, sem pensar duas vezes, Meadora parte em direção à construção. Determinada, ela caminha por muito tempo por algo que um dia foi uma trilha bem cuidada, hoje não mais; um dia foi frequentada, hoje não mais; um dia foi adubada, hoje não mais. Sem hesitar ela segue e fica frente a frente com o que entende ser um farol. Já é tarde e está bem escuro,
No percurso ela vai cantando: “não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar...”
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