segunda-feira, 29 de julho de 2013

Histórias de Meadora: no dia que Meadora sumiu

“I've got another confession, my friend
I'm no fool
I'm getting tired of starting again
Somewhere new


Meadora arremessou longe o livro que estava em suas mãos e saiu. Correu até onde o vento faz a curva, correu até a puta que pariu. Havia desenhado palavras, mas as perdeu. Acreditou que o escrito desapareceu, porque assim seria no dia que Meadora sumiu. Sem pista ou segunda chance. Num movimento rápido sem tempo para novas perguntas ou explicações. O tempo de pensar passou, agora é momento de fazer. De alguma maneira realizar o desejo da mente e do coração... 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Esse tal de amanhã

Confesso que me incomoda um pouco estas pessoas que acreditam piamente no amanhã. Não estou falando da fé de que as coisas vão melhorar ou de que exista mais um dia para se viver. Falo desta certeza incoerente de que teremos o amanhã para se resolver. Acredito na força do hoje, do aqui e agora! Planejar algumas coisas e cuidar para que saiam próximas do que se deseja é bom. Ter uma pequena reserva de dinheiro e poder usá-la para uma viagem e não para comprar remédios faz bem. Não dizer agora esperando pelo outro dia...
As pessoas boicotam sua própria felicidade! Com seus medos, freios, confusões e esperas excessivas. Sempre gostei desta frase “não há tempo que volte amor, vamos viver tudo que há pra viver”, preciso falar mais? “Vamos nos permitir!”
Não há necessidade de se consumir velozmente, e sim aproveitar com sabedoria, com verdade. Eu gosto de beijar, abraçar, fazer amor, dar risadas, conversar, tudo como se fosse a última e a primeira vez. Sem pressa, com apresso!
É preciso pensar na morte para se entender a vida. É preciso lembrar-se do fim para existir o meio. Nossa única certeza de existência não deveria nos assustar tanto. Talvez soe macabro e arrepie mais aquelas pessoas que tem uma porção de coisas a resolver. Eu não tenho medo de morrer, porque eu vivo todos os meus dias. Vou buscando zerar a conta com o universo, pra ficar mais leve o caminhar. Esta minha cede assusta muita gente, e minha praticidade é frequentemente confundida com grosseria, mas penso que tem uma galera por aí que gosta é de embaraçar e complicar mesmo. Só que eu jogo no outro time. Eu gosto de gente de opinião, de personalidade, que olha de frente. Não desgosto dos cagões, mas também me cansa um pouco. Ultimamente, me cansa bastante! Mas faz parte da vida, do processo do caminho. Eu piso um pouco no freio e gosto quando o outro acelera, desta forma, equilibrando os tempos quem sabe nos encontramos no espaço...


"Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão" - Lulu Santos

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Histórias de Meadora: vulcões e silêncio

"As revoluções, como os vulcões, têm os seus dias de chamas e seus anos de fumaça" - Victor Hugo


Meadora sempre gostou da chuva, de dormir escutando o barulho das gotas e do vento empurrando a janela. Como se desejassem molhar seu corpo e rosto num namoro gostoso e fresquinho. O aguaceiro de hoje foi especialmente prazeroso, pois ela precisava sentir as forças da natureza acalmando os seus vulcões. Engraçado como essa lava nunca seca, como esses calores nunca passam, adormecem temporariamente e logo tornam a jorrar. Dói quando a espuma quente toca o chão. O solo se parte, cortando a carne da montanha, que sofre. A terra treme e a boca do vulcão cospe cinzas, todos correm para se abrigar. Quando tudo termina e volta à calmaria é possível ver a transformação que tanta intensidade causou. Se você estiver lá, poderá ver como tudo está em constante mutação. Mas que banca ficar? Quem aguenta as tempestades, as marés altas e baixas, quem sustenta o amor, quem tem disposição de adubar o solo, quem tem o dom de aguar... Quem fica até o final? Quem viu quem era Meadora e quem terá o prazer de estar por perto e acompanhar? Meadora fecha os olhos desejando não chorar, mas é inevitável. Por mais que carregue um sorriso constante nos lábios, mesmo não se queixando de tudo e para todos, Meadora também passa por turbulências. Ela também tem seus conflitos, suas dores e (des)amores. Quem quer saber? Quem deseja ouvir? Quem quer ler? Porque visitar aqui e nada dizer? É dolorido. É solitário. É como sempre. Silêncio... Se é assim fiquem com os de vocês daí e por aqui ficam os de Meadora e os meus.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Histórias de Meadora: paraíso


Meadora colocou tudo na mochila e saiu. Pesou nas costas, mas era a sensação que ela desejava. Apressada, logo chegou ao destino combinado. Era cedo então acendeu mais um cigarro. “Fumando mais que a Caipora!” – pensou. Olhou para o outro lado da rua e lembrou-se que há três anos rolou uma tentativa de término naquele ponto de ônibus. Seria o destino do Paraíso?
Ele chegou sem jeito e ela estava muito agitada. Meadora abriu a bolsa e foi entregando os pertences que anteriormente residiam na gaveta. Teria acabado ali, mas eles tinham uma conversa para desenrolar. Algo que talvez estivesse atrasado, mas era necessário por pingos nos “is”. Ele perguntou se ela queria começar, ela optou por esperar e finalmente escutou tudo que precisava ouvir. É claro que ela também falou, conversa esta que o narrador não tem o menor motivo para reproduzir. Lágrimas rolaram. Quem conhece bem a Meadora sabe que ela se faz de durona, mas chora fácil. Ele também! Aqueles lindos olhos grandes se derreteram outra vez. Doeu, Meadora detesta ver alguém sofrer, a vida é feita de escolhas difíceis, mas sabe: eles vão sobreviver! Na verdade já estão (sobre)vivendo, tocando seus barcos e seguindo o caminho da estrada. Meadora vestiu a mochila e teve a confirmação de que estava certa, pois não havia mais peso nenhum a ser carregado, de ambos os lados. Libertar o outro é se libertar também!


(escrito ao som de Deixar o Barco Ir - Dani Black)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Histórias de Meadora: lua

foto do espetáculo "Entre Nebulosas e Girassóis"


"Ò linda imagem de mulher que me seduz
Ah se eu pudesse tu estarias num altar
És a rainha dos meus sonhos, és a luz
És malandrinha não precisas trabalhar"

Meadora tentou, mas não poderia. Não sem a canção exata...
Sentada na cadeira do teatro sentiu o coração descer até o estômago, o estômago até os pés e os pés flutuarem até a lua. A lua...

Refletiu sobre a força do instante e a sincronicidade!
Meadora também brincava de atravessar o rio que separa sonho e realidade, conto e verdade, morte e imortalidade.
"Pobres solitários que não se envolvem por medo de sofrer de amor!" ao escutar esta frase seu peito doeu e uma lágrima discreta desceu pelo seu rosto...
Meadora estava sempre disponível para dançar, mas não ficaria dentro da caixinha de música esperando por um par, ela não nasceu para o confinamento ou esquecimento. Meadora era feita de vento e liberdade, de sons e cores, paixões e amores... Não temia a dor!

Por fim Meadora encontrou a outra música que também a marcou nesta noite. Feliz da vida apertou o play e saiu rodopiando, sorrindo e catando:

"Ó, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto
Ai, vem matar essa paixão que anda comigo" - Chiquinha Gonzaga

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Férias I (deveria...)

Quando tiramos férias todas as pessoas que gostamos deveriam poder parar junto e ficar bem próximas da gente. Todas as coisas que precisamos deveriam caber numa única mochila. Todos os shows e peças que queremos assistir deveriam acontecer em dias alternados. O dinheiro não deveria acabar e em todas as praias deveria brilhar um sol intenso. O dia só deveria começar quando acordamos e só terminar quando dormimos. As rádios deveriam tocar nossas trilhas favoritas e as estradas abrirem passagem. Os mapas deveriam falar e dizer coisas como ”vire na próxima direita, tem uma surpresa para você!” Quando agente tira férias nada que agente come deveria nos engordar e todas as coisas que queremos fazer deveriam se tornar possíveis. Todas as coisas que agente quer fazer deveriam ser possíveis. Todas as coisas...         

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Histórias de Meadora: "quem me navega é o mar"

Naquela tarde Meadora foi ver Dona Quitéria. Fazia certo tempo que o barqueiro não retornava e ambas viam como o mar estava agitado. Mas ali era assim, instável, inconstante... Assim é a vida neah?!
Do local em que estavam vez ou outra era possível escutar um baque que soava alto, ecoando feito o trovão. O barqueiro era também batuqueiro, mas não era só ele que batia, o mar também dava suas pancadas. Meadora sabia que este processo era sofrido e necessário, mas acima de tudo era solitário! E lá estava ele no meio do oceano. Aflita, olhava para os lados buscando uma maneira de ajudá-lo mesmo que tão distante. Quando avista uma velha torre na parte mais alta da praia, sem pensar duas vezes, Meadora parte em direção à construção. Determinada, ela caminha por muito tempo por algo que um dia foi uma trilha bem cuidada, hoje não mais; um dia foi frequentada, hoje não mais; um dia foi adubada, hoje não mais. Sem hesitar ela segue e fica frente a frente com o que entende ser um farol. Já é tarde e está bem escuro,
Meadora tateia as paredes sujas até localizar uma entrada. A porta está emperrada, mas Meadora não foi até ali para desistir. Decidida, tira ainda mais forças de dentro de si, a porta cede e se abre. Ela sobe as escadas empoeiradas e quebradas chegando ao topo onde pôde ter ampla visão do infinito: é ainda mais bonito! Mexe nos bolsos e acha o isqueiro branco que o barqueiro esqueceu com ela, fecha os olhos pra se proteger e queima o óleo que está no centro dos espelhos ascendendo imediatamente uma forte luz. Ajoelha-se e ora para que o batuqueiro consiga ver a claridade e encontrar seu caminho. Roga para que o calor daquela chama o aqueça nas noites mais frias e que a certeza de que alguém vai manter aquele fogo aceso o dê forças para continuar navegando. Meadora adormece e sonha com ele e seu bote, ambos cheios de cicatrizes, histórias, vivências, experiências... O mar que talha o barco e por vezes derruba seu dirigente também sai marcado, as lascas de madeira que perde a embarcação penetram e perfuram a água. Ninguém sai ileso desta batalha. Dor... O coro também sente dor quando as mãos ou baquetas do barqueiro o encontram e mesmo assim a pele canta. Meadora acorda, guarda o isqueiro, varre a torre, e segue limpando um pouco o caminho já que volta para manter a claridade enquanto ele não retorna.
No percurso ela vai cantando: “não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar...”

sexta-feira, 5 de julho de 2013

As regras do jogo

Hoje “ninguém” me disse que eu não devo mostrar tudo, mas guardar alguns mistérios! Alguém aqui realmente achou que eu estava expondo tudo? Para quem respondeu sim: COITADOS!
Então tá, leia as instruções em voz alta! Não tem né?! Agente finge que esta brincadeira tem limites, quando na verdade não há quem os conheça ou saiba explica-los.
Isso me faz lembrar que eu tenho umas regras do jogo para repassar com você, mesmo achando que nenhuma delas existe (nem as minhas nem as suas), mas vale tentar:

1 - Prometa que nunca vai me prometer nada, acho que não acredito mais na palavra das pessoas, até as minhas já falharam algumas vezes;
2- Tenha certeza que não está certo de nada, porque a certeza é uma das maiores mentiras que já criaram;
3- Não minta para mim, mesmo que a verdade custe esta tal de felicidade;
4- Não me iluda, sei fazer isso sozinha quando eu quero;
5- Esta é muito importante: não escute ao meu lado nenhuma música que te faça lembrar delas (mesmo que este plural só exista na minha cabeça);
6- Me beije, me cheire e depois transe comigo (com respeito, amor e muita
sacanagem);
7- A PRINCIPAL: Seja você e faça somente o que tem vontade, mesmo que isso vá contra todas estas falsas leis!

Provavelmente com o tempo irão surgir muitos outros princípios, algo sobre a quantidade de sms, freqüência de encontros, intensidade da relação, "isto pode, mas isso não pode ser dito, tão pouco sentir isso ou aquilo..."

Não importa! Não se preocupe! Apenas curta os momentos enquanto estão aqui, enquanto estamos aqui. O depois praticamente não existe e claramente não nos pertence...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Histórias de Meadora: quero sua boca em mim agora



Meadora desceu as ruas se corroendo, se contorcendo... 
“Quero sua boca em mim agora!” pensava ela
Daquele jeito que só ele sabia fazer, daquele jeito que só ele sabia lamber...
“Quero sua boca em mim agora!” ela desejava
Ardendo, pelando, doendo...
“Quero sua boca em mim agora!” sussurrou para si mesma
E os pelos, o peso, o ronco, o cheiro...
“Quero sua boca em mim agora!” digitou
A pele arrepiada, as partes molhadas...
“Quero você em mim agora!”
Sem frescura, sem demora, só quero você agora!