Hoje conheci Maria. Mulher mulata, meio indígena, sotaque do norte com um jeito caipira de ser solidária, uma mulher rusticamente bonita.
Maria levanta cedo e ainda é tão escuro; prepara o leite; o café; as mochilas; tira um do chuveiro e logo tem outro dentro habilidosamente, pacientemente, solitariamente, Maria banha quatro crianças de idades tão próximas que me parecem até terem nascido uma e com intervalos variantes de cinco, dez e quinze minutos chegavam ao mundo às outras.
Os quatro comem sonolentos, Maria ajudada por um pingado, engole apressada grandes pedaços de um pão amanhecido com manteiga, simultaneamente arruma as duas camas (os menores dormem com ela, os dois mais velhos na outra), varre a casa, lava a louça, tira a roupa do varal e escova centenas de dentes.
Maria levanta cedo e ainda é tão escuro; prepara o leite; o café; as mochilas; tira um do chuveiro e logo tem outro dentro habilidosamente, pacientemente, solitariamente, Maria banha quatro crianças de idades tão próximas que me parecem até terem nascido uma e com intervalos variantes de cinco, dez e quinze minutos chegavam ao mundo às outras.
Os quatro comem sonolentos, Maria ajudada por um pingado, engole apressada grandes pedaços de um pão amanhecido com manteiga, simultaneamente arruma as duas camas (os menores dormem com ela, os dois mais velhos na outra), varre a casa, lava a louça, tira a roupa do varal e escova centenas de dentes.
Saem correndo, o cão late triste no quintal sabe que ficará um longo tempo sozinho.
Os cinco dão passadas velozes, o caminho é longo, o dia começa a surgir e a claridade vai lhes ferindo os olhos, Maria sorrindo, brinca com os pequenos sonâmbulos, tenta fazê-los esquecer um pouco da parte dura e seca de suas vidas.
Maria segue sozinha, pega duas lotações abarrotadas de gente até chegar na casa de família na qual trabalha como diarista: lava e passa roupa, tira o pó, faz a feira, prepara o almoço, canta com o rádiorelógio, limpa os banheiros, pega a criança na perua, a Dona da casa chega e Maria vai.
Passa no mercado, franze a testa e com as mãos dentro dos bolsos vai calculando: dobra e se desdobra, mas claro dá-se um jeito, umas batatas a mais, uns pedaços de carne a menos, se ela não jantar...
Ainda lhe sobraram à educação e o respeito de deixar uma senhora passar-lhe a frente na fila do caixa e ceder seu lugar a uma gestante em uma das lotações.
Os cinco dão passadas velozes, o caminho é longo, o dia começa a surgir e a claridade vai lhes ferindo os olhos, Maria sorrindo, brinca com os pequenos sonâmbulos, tenta fazê-los esquecer um pouco da parte dura e seca de suas vidas.
Maria segue sozinha, pega duas lotações abarrotadas de gente até chegar na casa de família na qual trabalha como diarista: lava e passa roupa, tira o pó, faz a feira, prepara o almoço, canta com o rádiorelógio, limpa os banheiros, pega a criança na perua, a Dona da casa chega e Maria vai.
Passa no mercado, franze a testa e com as mãos dentro dos bolsos vai calculando: dobra e se desdobra, mas claro dá-se um jeito, umas batatas a mais, uns pedaços de carne a menos, se ela não jantar...
Ainda lhe sobraram à educação e o respeito de deixar uma senhora passar-lhe a frente na fila do caixa e ceder seu lugar a uma gestante em uma das lotações.
Maria pega as crianças na vizinha, prepara o jantar, ajuda na lição de casa, separa uma briga por um brinquedo besta, maratona de banhos, arruma as camas, conta uma história, guarda os brinquedos de segunda mão e causadores de desentendimentos, vai até o quintal, coloca comida pro cachorro que abana seu rabo enlouquecido e escondida, tendo como testemunha apenas a Lua e os mosquitos ascende um cigarro e traga demoradamente enquanto acaricia a barriga do vira-lata.
Maria poderia simplesmente fechar seus olhos e chorar, mas isso não é do seu perfil, Maria Santos e Silva ou Nascimento é guerreira, mãe, mulher, profissional, economista, contorcionista é mil, é uma, é brasileira... Apenas agradece por mais um dia e por ser uma noite fresquinha em meio a tantas de calor...
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