quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Carta pública

Angeli levantou do sofá e foi ver que cheiro horrível era aquele que vinha do quintal. Não morava perto de brejo ou fossa “nem é São Paulo pra feder assim” pensou aquela cabeça ruiva.
Mas que merda! Angeli virou de lá, remexeu daqui... e a porcaria do cheiro, nada de sumir!
Grudou a cara no chão, não estava nem aí que seus vizinhos burgueses a achassem maluca e foi cheirando toda a grama, até que viu, três pontinhos bem miúdos... Pareciam vírgulas... Não! Eram sementinhas.
Angeli era moderna e descolada, mas nascida no interior, meio do mato, sabia reconhecer uma erva daninha quando a encontrava, e aquelas eram sementes malignas. Que coisa... Angeli sempre se deu bem com a vizinhança, quem estaria querendo tirar o brilho lindo do seu gramado azul?
Sem pensar catou as reticências, digo, as sementinhas e levou pra longe, colocou dento de uma garrafa bem tapada e foi levar pra desaguar tudo numa fonte que juravam ser bem distante!
Mentira! 
Angeli ficou de boca aberta quando voltou e viu um sofá, um cachorro, roupas velhas e e um monte de lixo no seu jardim!
“Poxa vida... já tentei ser simpática e educada, mas tão querendo mesmo ver se saio de mim!”
Não teve dúvida, passou a mão no papel e caneta e escreveu em letras amáveis: "querido amigo, poderia por favor levar seu entulho para outro local que não fosse aqui? Bejin Ageli"

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