terça-feira, 11 de março de 2014
Histórias de Meadora: O gigante e o labirinto
Meadora
acordou com o vômito já em sua boca, teve apenas tempo de se virar tentando não
se sujar, em vão. Olhou ao redor e só conseguiu enxergar mato e escuro. Começou
a caminhar procurando a saída, se perguntava como foi parar ali... Não recordava
de nada! Escutou passos pesados vindos de algum lugar e então correu. Estava
perdida, não sabia para onde seguir, foi o mais longe que pode, mas sentia que
a cada instante penetrava mais a densidade nebulosa daquele lugar. Cansada,
deixou-se cair no chão e chorou. Orou para o Divino, pediu para que sua morte
fosse rápida, mas suas preces foram interrompidas por uma mão enorme que a
pegou com força e a espremeu. Meadora sentiu todo o ar abandonar seus pulmões e
escutou cada osso do seu corpo se quebrando. Aquela sensação era familiar... O
gosto amargo que estava em sua boca foi tomado pelo sabor de ferro do próprio
sangue. Quando ela achou que não suportaria mais dor teve os braços arrancados
por cruéis dentadas, as pernas balançavam soltas e instigaram o enorme monstro
a degustá-las também. Quando só lhe restava um toco de tronco e sua cabeça,
zonza de dor e desespero o gigante a engoliu inteira. Milagrosamente ela
ainda vivia quando chegou ao seu estômago que mais parecia uma caverna
abandonada, seu corpo caiu sobre restos de esqueletos de outras mulheres e o
cheiro de putrefação inundou suas narinas. Inerte, desalentada, desprotegida,
perdida, cansada, vazia... Na cabeça de Meadora uma pergunta ecoava e ecoava “o que fiz pra merecer?”
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