Ela olhou para o lado e não o encontrou na cama, levantou
assustada e caminhou até a sala, encontrou Dre caído no chão. Ele se contorcia
de dores e urrava, Ela tentava acalmá-lo com palavras e carinhos... Tudo em vão.
Tirou forças sabe-se Deus de onde, tomou Dre nos braços e o carregou até o
quarto. Ela perguntava aflita onde doía,
ele apenas gritava “não”, aos poucos Ela foi perdendo a calma e se pois a fazer
uma oração. Pediu a Deus, Jeová, Orumilá, Oxalá, Zeus, Zambi, Tupã... E Dre
fechou os olhos e adormeceu. Ela aproveitou para examinar-lhe o corpo, olhou
tudo, não encontrou nada, concluiu serem mazelas da alma. Abraçou Dre com força
e também se perdeu no mundo dos sonhos.
Ela olhou para o lado e não o encontrou na cama, levantou
assustada e caminhou até a sala, encontrou Dre sentado na poltrona, interruptor
do abajur na mão. A cada passo que Ela dava na direção dele, Dre apagava a luz.
Sem ver onde caminhava recuou, medo de invadir, medo de mergulhar para
encontrá-lo e se perder. Voltou pro quarto, caiu na cama inundada por suas
lágrimas e dormiu.
Ela olhou para o lado e não o encontrou na cama, levantou
assustada e caminhou até a sala, Dre com cigarro na mão, andava de um lado
para o outro resmungando a vida. Quando a viu saiu pela porta e sumiu no
jardim. Ela voltou pro quarto e...
Dre não entendia que não adiantava tentar abafar ou esconder,
na casa em que Ela foi criada não se aplica o ditado “o que os olhos não vêm
o coração não sente”. Não “saber” só faz o peito dela doer.