sexta-feira, 16 de março de 2018

varrendo o lar

"A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência
E minha boca se faz fonte de prata

Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.
A minha Casa, Dionísio, te lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
A uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e permanência?"
Hilda Hilst

Nem bem retornou
Não crusou o capacho, mas já me coloquei ali
Na porta a esperar por uma chegada que não vem
A seguir, mas em espera
Tempo que não veio e não virá
Você é fiel a si e suas vontades
Evidentemente não sou uma Delas
Nem quero ser 
mais um enfeite na sua cama
Esperando que você entre e bagunce tudo
Coisas que ainda nem terminei de arrumar
Ainda garoa por aqui
Por baixo da terra, mesmo no sol corre um rio
Tola, eu mesma assopro a brasa 
Fico cega da fumaça que criei 
Pra poder não te enxergar
De olhos vermelhos
Paixão, lágrimas, fogo
Me vejo no espelho e ainda que te deseje
Que cada parte do meu corpo conheça o teu nome
É pelo meu que devo viver
É pra mim que devo sorrir
É a mim mesma que escolho amar!

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