sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Na ponte

Todos os dias ela se levanta.
Abre os olhos com preguiça e se estica feito um gato na cama.
Sabe a ordem das coisas: tomar banho, se vestir, conferir a bolsa, pendurar a toalha, uma última olhada no espelho, pegar as chaves, pegar o ônibus, pegar o trem, seguir o caminho...

Não sabe o que ele contém, imagina estar nele: no caminho!
Mas tem dias que não sente qual é a cor e a roupa que deve vestir, não sabe para onde seguir e tem vontade de parar, de se sentar na ponte e ver tudo passar depressa, rezando para essa incerteza correr tanto quanto as águas, os ventos, tanto quanto a luz e fugir dali.
Não consegue se mover, fica congelada, presa na música que colocou pra repetir.
Não quer prever o próximo capítulo, quer apenas que seu coração lhe diga se deve continuar lendo aquele livro.
Não sabe...
Não sabe andar no escuro, pisando com tanto medo que nem consegue sentir...
Não sabe!
A outra mulher, a mais velha, diz que ela sempre tem uma frase, um argumento, uma justificativa pra tudo.
Hoje ela se sente sem palavras.

2 comentários:

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