Ela se levantou para ir até o banheiro e o frio
e o silêncio da casa a convidaram para um cigarro. Era seu horário predileto.
Era o seu momento. Os sons e pensamentos do mundo se calam, assim os dela podem
tomar a imensidão do espaço e dançar, cantar, berrar... Notou um pássaro
diferente no céu, a julgar pelo bico concluiu que deveria ser um tucano e subiu
nas costas dele para observar do alto... Viu os trabalhadores que madrugavam
aos domingos pra fazer pães quentinhos, os boêmios dos sábados pelas ruas
dormindo nos pontos de ônibus, os gatos se espreguiçando nos muros, as crianças
cochilando, os poetas escrevendo e seu amor sonhando... Estava de volta a casa!
Com um sorriso no rosto agradeceu a Deus e sentiu o vento das asas do “Fulano”
tocarem seu rosto em tom de despedida "até outro dia!" Voltou para
cama valsando! Coração leve, cabeça tranquila e mais fé na vida...