terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Pela mão o que te pertence

para o Théo, com muito amor e carinho... Obrigada!

Andei brigando com meu sangue, renegando companhia que é minha e não me deixa.
Amigo meu disse dia desses: "pega pela mão o que é teu e carrega sem peso o que te pertence".
Desconstruindo para reconstruir, o processo é solitário e sobe contra a corrente.
Não tem mais dó, porque não tem mais dor, as coisas são como devem ser e assim segue a vida da gente.
Não rejeito mais as partes, que aos poucos dão forma ao todo.
Os astros alertaram e eu me preparo, tudo me fortalece e assim posso olhar meu espelho sem medo, porque enxergo o que quero agora que me vejo.
Azul fez bem pra mim, mas quase matou meu vermelho que agora recebe um sopro de vento e reascende brasa pra colorir de fogo meus desejos.


(escrito ao som de Walk On The Wild Side - Lou Reed)


Histórias de Meadora: sapos e cás'parede

Meadora anda doente, mas ninguém notou.
Eu reparei que ela engordou muito e anda murmurando por horas a fio para o vento.
Acho que o ganho de peso é consequência de sua dieta recente, composta por sapos, rãs, pererecas e as vezes umas cobras e lagartos que os outros soltam e para não retrucar Meadora engole a seco.
As palavras tem cada dia mais dificuldade para sair e Meadora tem cada vez menos vontade de falar, quando muito sufocada Meadora escreve, chora, fala para o teto, portas ou na maioria das vezes desabafa com as paredes.
Sem resposta alguma Meadora que tem aparência de pedra polida, mas é delicada feito flor, murcha aos poucos e dorme muito no desejo desesperado de acordar deste pesadelo.