sexta-feira, 31 de maio de 2013

Histórias de Meadora: a viagem (parte I)

com a sua licença

Ainda era madrugada quando Meadora se levantou da cama. Observou que não acordou, simplesmente porque não dormiu. Era preciso sair bem cedo de casa, pois deveria chegar ao mar antes de qualquer um, antes de Dona Quitéria!
Levantou rápido, vestiu-se, passou a mão na mochila e tratou de esvaziá-la. Nessa jornada Meadora queria levar consigo somente o necessário para ter espaço pro novo.
Levou umas moedas de ouro pra pagar a travessia, um pouco de amizade, paixão, medo e, por que não, um pouco de amor? Era o suficiente!
À medida que se aproximava do ponto de partida sentia borboletas geladas voando no seu estômago. Não hesitou: finalmente estava frente a frente com o barqueiro.
Ao receber as moedas o condutor indagou pra onde Meadora desejava ir. Ela não tinha resposta! Pela primeira vez em sua vida não estava interessada em planejar, queria seguir e sentir, sem se preocupar com tantas coisas, apenas viver os momentos intensamente; isso a deixava assustada.
O barqueiro ajudou Meadora a subir e trataram logo de afundar mar adentro! Pregos começaram a cair do céu e poderiam ter furado o barquinho, que já possuía alguns remendos. Teria sido o fim da primeira de muitas  assim desejava Meadora – viagens.
Havia três lugares na pequena embarcação: um do barqueiro; outro que parecia vazio, mas ela notou que estava ocupado. Meadora tratou de sentar no terceiro prometendo a si mesma respeitar tudo o que estava ali e a não sair do local que lhe foi reservado, se assim desejasse o dono do barco.
A noite era fria, mas o coração de Meadora estava tão quente quanto uma fogueira aquecendo todo o lugar. Ela estava estranhamente feliz e sorria na nuca do barqueiro que olhava atento pro caminho.

Continua...


terça-feira, 28 de maio de 2013

Histórias de Meadora: devaneios

As sensações ainda estavam fortemente presentes no corpo de Meadora, era visceral! Tanto que levou dias pra digerir as palavras e mesmo assim ainda sentia alguns versos passeando dentro de si.
Logo agora que tinha decidido diminuir o café sentia necessidade de fazer uma pausa diária pra ele; bebia com calma, sem pressa, saboreando cada gole, mas tomando o cuidado pra não demorar muito e esfriar!
Sentada na janela, olhando pra fora, ela só acredita que ele não vem quando ele não chega, até então ela espera com a outra xícara em uma das mãos.
Semeadora... Quem planta colhe? Algumas sementes Meadora lança ao vento na esperança de que encontrem solo bom e possam crescer, outras ela se cansou de aguar e não ver brotar da folha a flor e tem aquelas que Meadora nutriu tanto e nem sentiu o cheiro da fruta, que sabor tem o calor? 
Confusa, ela percebe que está há muito tempo esperando, sentada na janela, ela só acredita que ele não vem quando ele não chega...
Meadora achou que dormiu porque sonhou tão intensamente que quase tocou e se sentiu tocada!
Ela quer sentir-se desejada e amada, não da forma que dizem que deve ser, mas da maneira que é pra ser.
Na janela há tanto tempo, pensando, pra onde vai o amor quando as pessoas deixam de amar?
O tempo... O que é o tempo, quanto dura, todo tempo é igual? 
Olhando pela janela ela percebe a chuva lá fora e as lagrimas aqui dentro.
É quando nota que o café virou terra e dele algo ameaça nascer.
O que seria, quem plantou?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Fada U

Impossível não me emocionar com o sonho de um corinthiano, afinal de contas aquela fada já era uma velha conhecida minha...

Foi em 2009, ano em que tudo parecia não dar certo, trabalhava num lugar péssimo com uma chefa determinada a acabar com minha autoestima, mas o que não me mata me fortalece (sempre foi assim, sempre será) e resolvi procurar novos caminhos e me inscrevi para uma vaga no Greenpeace!

Alguns dias depois recebo um convite pra participar da dinâmica de grupo e me lembro como se fosse hoje daquela loira com cara de brava e uns pontos no queixo subindo as escadas com um jarra de água.
Passei na primeira e na segunda fase e finalmente fui pra entrevista com minha futura boss.
Tempos depois numa tarde cinza de dezembro em Askaban (como eu chamava meu antigo serviço) recebo uma ligação com uma voz super contente do outro lado da linha “Vamos mudar de emprego? Eu queria muito poder te dar este presente de natal!”

E foi assim que a U entrou na minha vida! De recrutadora a fada, de fada a gerente de RH, de gerente de RH a amiga!
Sou sua fã incondicional, obrigada pelo presente, você não sabe como tudo que eu vivi e aprendi lá, ter conhecido você: mudou a minha vida!
Tem gente que nasceu pra ser fada mesmo, continue voando por aí e realizando sonhos, encantando vidas!
Te amo

  



terça-feira, 21 de maio de 2013

O meu herói

para o melhor homem que conheço


O que fazer quando o nosso herói parece cair?
Eu queria poder te segurar, entrar embaixo de você e amortecer sua queda, mas sou pequena não posso evitar que se machuque, não posso impedir que o brilho do sol queime sua pele e muito menos posso barrar os olhares invejosos contra você. Sou miúda, meu escudo não tem tamanho pra te  proteger, mas meu amor é enorme, infinito e sempre vai estar aqui pra te acolher.
Se não consigo evitar que se arranhe posso assoprar seus machucados e fazer compressas nas suas feridas, ajudar a cuidar até que sumam ou restem apenas cicatrizes; posso orar e pedir pra um anjo de asas bem grandes passar e te recolher, te proteger do mal, te guiar pra onde deve ser seu caminho!
Eu choro quando você chora; e meu sorriso só existe com o seu sorriso.
Temo que você não suporte o peso e por isso, mesmo sendo menor que você, sempre vou te ajudar a carregar as malas.
Te amo, não desista, não desespere, acredite em você como eu acredito!
S.E.


(escrito ao som de Eu não tenho um barco, disse a árvore - Cícero)



quinta-feira, 16 de maio de 2013

Histórias de Meadora: açúcar ou adoçante?

para ele e para Cícero

Meadora era intrometida por natureza!
Numa ocasião qualquer seguiu dona Quitéria até o mar.
Uma vez que aprendeu o caminho, Meadora passou a fazê-lo diariamente e observar.
Certo dia viu uma figura sair do oceano e olhar sem expressão pra xícara que estava sobre a mesa na margem.
Assim que aquele que não podia ser decifrado regressou pro mar, Meadora tratou de olhar dentro da velha louça.
Foi quando ouviu uma voz macia vinda das águas “está meio cheio ou meio vazio, uma gota do que um dia foi... hoje não mais”.
Meadora, prevenida, andava com sua bolsa sempre cheia de tudo que alguém precisasse, tira uma jarra de café fresco bem quentinho e completa perguntando “açúcar ou adoçante?”


(escrito ao som de Açúcar ou Adoçante - Cícero)

terça-feira, 7 de maio de 2013

Histórias de Meadora: mar-rio-brejo-mar

Sem barco ou barqueiro ela entra de corpo inteiro no mar.
Acostumada a ser sozinha, Meadora aprendeu cedo a se guiar pelas estrelas, tanto faz se o céu tem nuvens ou se está agitado o oceano, ela sabe nadar!

Mergulha sem medo, pois conhece a língua dos tubarões, sente o cheiro da areia quente que vive lá no fundo e é capaz de escutar o sussurro das algas e conchas.

Quando o mar vira rio e o rio vira brejo ela engole alguns sapos e se camufla na lama e se de uma hora pra outra tudo secar, Meadora tem um reservatório de lágrimas pra encher novamente de água salgada o mar.
Teria sido mais seguro ficar das margens a observar, mas é tão imenso, tão lindo, tão profundo... como não desejar se banhar?

(escrito ao som de All I Need - Radiohead)